NOTÍCIAS
22 DE AGOSTO DE 2023
Documentação de pessoas privadas de liberdade é tema de abertura em ciclo de formação
Com quase 4.500 pessoas inscritas, teve início na manhã desta segunda-feira (21/8) o 1º Ciclo de capacitação online da Ação Nacional de Identificação Civil e Emissão de Documentos para as Pessoas Privadas de Liberdade, realizado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ). A abertura do curso com oito módulos foi um seminário sobre a importância da documentação para pessoas privadas de liberdade. A falta de acesso à documentação é uma das principais barreiras no acesso a direitos sociais para a população carcerária ou egressa.
“As pessoas que tiveram contato com o cárcere encontram-se em tamanha situação de vulnerabilidade social que acaba por afastá-las de alguns de seus direitos mais fundamentais, como ter sua identidade civil reconhecida através da documentação. Disso decorrem barreiras de acesso à cidadania plena”, explica juiz auxiliar da Presidência do CNJ e coordenador do Departamento de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário e do Sistema de Execução de Medidas Socioeducativas (DMF), Luís Lanfredi.
“Esse ciclo de formação é um marco da nova etapa da Ação Nacional. Após a chegada em todos os estados e no Distrito Federal, começamos o processo de garantir formação continuada, importante para o êxito e a sustentabilidade do projeto”, afirmou o juiz auxiliar da presidência da CNJ com atuação no DMF, João Felipe Menezes Lopes. Segundo Lopes, o rápido preenchimento das vagas disponíveis, 500 em cada módulo, demonstra a importância do tema. “Motivou, inclusive, que fizéssemos a transmissão ao vivo dessa palestra de abertura”. Mais de mil pessoas acompanharam o evento ao vivo.
Desde 2019, CNJ desenvolve a Ação Nacional de Identificação Civil e Emissão de Documentos para as Pessoas Privadas de Liberdade como uma das ações do programa Fazendo Justiça, parceria com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) para estimular políticas públicas no campo da privação de liberdade. Nesta ação, conta com uma rede de mais de 100 parceiros, dentro os quais destaca-se o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), guardião da Base de Dados da Identificação Civil Nacional (BDCIN). A iniciativa alcançou todas as unidades da Federação no mês de julho.
Histórico
O seminário de abertura abordou o caso do Rio de Janeiro, um dos primeiros estados a criar uma ação específica para a identificação civil de pessoas privadas de liberdade. Em 2012, foi criado o comitê estadual fluminense do Compromisso Nacional pela Erradicação do Sub-registro Civil de Nascimento. O primeiro grupo de trabalho era destinado à população carcerária. A juíza de Direito no Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro (TJRJ), Raquel Chrispino, integra esse comitê desde o início como representante do Judiciário e comentou sobre os avanços em seu estado.
Segundo Chrispino, em 2014, o Rio de Janeiro tinha 36 mil pessoas privadas de liberdade e 12 mil pessoas sub-identificadas (incluindo aquelas que nunca foram registradas, as que perderam ou não tiveram acesso à certidão). “A nossa população prisional cresceu, infelizmente, hoje são 40 mil pessoas. Mas o número de sub-identificadas está em menos de 3 mil”, disse.
A juíza defende que o Registro Civil é um direito humano em si, ao garantir diversos direitos fundamentais, como a individualidade, nacionalidade e filiação, além de ser imprescindível para acessar políticas de saúde, educacionais ou assistenciais. Para a juíza, a melhor forma de superar esse desafio de proteger as pessoas indocumentadas, em especial as privadas de liberdade, é trabalhando em rede. “Precisamos fazer isso, mesmo que não seja por conta do custo humano que sub-identificação causa, que seja por racionalidade, porque só assim vamos poder superar o Estado de Coisas Inconstitucional do sistema prisional brasileiro”.
Ciclos de Formação
Os oito módulos do ciclo de formação abordam três grandes temas: identificação civil, contemplando a ação durante audiências de custódia e coleta do passivo nas unidades prisionais; suporte, para auxiliar na instalação dos softwares e utilização dos kits de biometria; e emissão de documentos, tratando da integração com o Sistema Eletrônico de Execução Unificado (SEEU) e os procedimentos para a emissão de diferentes documentos.
O público-alvo são servidores dos poderes Executivo e Judiciário que trabalham com sistemas e procedimentos de identificação e documentação civil para a população privada de liberdade, que puderam se inscrever em um ou mais módulos.
Nas missões de implementação estadual da Ação Nacional de Identificação Civil e Emissão de Documentos, mais de 7.500 servidores já foram capacitados em todo Brasil. O coordenador da área de Sistemas e de Identificação do programa Fazendo Justiça, Alexander Cambraia Vaz, afirma que os cursos de capacitação serão ofertados permanentemente. A próxima edição está planejada para novembro. “O foco da nossa ação é emissão de documentos, mas com a garantia da certificação cadastral, por meio de dados biométricos, o que só é possível pois o CNJ adquiriu e distribuiu cinco mil kits de coleta de biometria”.
Fonte: CNJ
Outras Notícias
Anoreg RS
29 DE AGOSTO DE 2023
Caravana Registral bate recorde de participantes e reúne mais de 200 pessoas em Vila Flores
No último sábado (26.08), o Colégio Registral do Rio Grande do Sul realizou a 1ª Caravana Registral do ano, no...
Anoreg RS
29 DE AGOSTO DE 2023
XLVIII Encontro dos Oficiais de Registro de Imóveis do Brasil e XXXV Encuentro del Comité Latinoamericano de Consulta Registral: José de Arimatéia Barbosa convida todos para participarem dos eventos!
Encontros serão realizados simultaneamente entre os dias 09 e 13 de outubro no Rio de Janeiro. O Vice-Presidente do...
Anoreg RS
29 DE AGOSTO DE 2023
STJ: cabe penhora de bem de família para quitar aluguel entre ex-cônjuges
Uma mulher que pretendia vender o imóvel que possui com o ex-marido, onde morava sozinha, e receber 50% do valor da...
Anoreg RS
29 DE AGOSTO DE 2023
Artigo – Imposto de herança e doação e a necessidade do planejamento sucessório – Por Frederico Binato e Tancredo Aguiar
O Brasil está prestes a passar por uma grande mudança no âmbito tributário, pois a reforma que está em...
Anoreg RS
29 DE AGOSTO DE 2023
FGTS de cônjuge serve para quitar financiamento anterior ao casamento
Em sentença, magistrada considerou que uso do FGTS privilegia direito à moradia. Mulher poderá utilizar o FGTS do...