NOTÍCIAS
24 DE AGOSTO DE 2023
Artigo – Lei 14.620/2023: o que muda nas desapropriações – por Amadeu Mendonça
A Lei 14.620/23, que recriou o programa Minha Casa Minha Vida, trouxe também modificações no instituto da desapropriação, alterando o Decreto-lei nº 3.365/41.
Ampliação de quem pode promover a desapropriação
Com a nova redação, passou a se permitir que empresas contratadas pelo poder público para execução de obras e serviços de engenharia promovam a desapropriação diretamente. Todavia, deve haver autorização legal ou contratual para tanto e, por sua vez, o contrato celebrado entre a empresa e o poder público deve ser na modalidade empreitada por preço global, empreitada integral e contratação integrada.
Além disso, o edital da contratação, que autorizar a desapropriação, deverá prever quem será o responsável por cada fase do procedimento de expropriação, o orçamento necessário para sua realização, englobando os custos com a indenização do antigo proprietário, imissão na posse e a obra em si, por exemplo, bem como de quem será o risco pela variação do custo entre o orçamento e o que de fato foi gasto.
Possibilidade de obtenção de receita com venda de unidades desapropriadas
O dispositivo revogado apenas permitia a capitalização, através de revenda da unidade ou utilização do imóvel, quando fosse destinado a urbanização ou reurbanização, bem como o contrato fosse firmado por concessão ou parceria público privada.
O novo dispositivo ampliou os beneficiados, constando todos os autorizados a promover desapropriação, constantes no artigo 3º, incluindo-se a empresa prestadora de serviços de engenharia mencionada acima.
De toda forma, o autorizado deverá, no mínimo, reembolsar o poder público pelo custo com as indenizações, quando estas ficarem sob sua responsabilidade.
Compensação pela desapropriação de famílias de baixa renda
Apesar de a desapropriação ser uma faculdade do poder público, ainda que possa ser promovida por agentes privados, a lei cuidou em trazer compensações às famílias de baixa renda que estejam sendo desapropriadas.
Cabendo ao expropriante, no plano de desapropriação, prever essas medidas, que podem ser realocação da família em outro habitacional compatível, indenização pelas benfeitorias ou indenização suficiente a assegurar o restabelecimento da família em local compatível.
Tendo em vista o viés social da lei, o que se extrai da redação é que, ainda que esse custo seja superior ao valor de mercado do imóvel, o expropriante deverá arcar às suas expensas.
Venda do imóvel à particulares quando houver inviabilidade ou perda do interesse social
Havendo inviabilidade ou perda do interesse público em manter a destinação do bem expropriado, o expropriante poderá destinar a área não utilizada para outra finalidade pública.
Outra possibilidade é alienar o bem a qualquer interessado, conforme previsão legal, respeitando-se, entretanto, o direito de preferência do antigo proprietário, seja ele pessoa física ou jurídica.
Fixação dos juros compensatórios em 6% a.a.
Essa, talvez, tenha sido a alteração mais prejudicial ao expropriado, já que, historicamente, a jurisprudência entendia que a taxa a ser aplicada seria de 12% ao ano, ainda que se tratasse de imóvel improdutivo, vide entendimento constante na Súmula nº 618 do STF.
No novo dispositivo legal, além da limitação do percentual a 6% a.a., os imóveis tidos como improdutivos, não terão essa compensação, já que, pelo texto legal, ela se destina apenas aos casos em que houver perdas e danos.
Também ficou vedada a aplicação de juros compostos, limitando-se a incidência dos juros simples apenas sobre o valor da diferença apurada entre a indenização oferecida e a majorada judicialmente, pelo período entre a imissão na posse e o efetivo pagamento.
Conclusão
A Lei 14.620/23 trouxe ao cenário jurídico brasileiro importantes modificações sobre desapropriações. Tais alterações refletem uma busca pelo equilíbrio entre as necessidades públicas e os direitos do cidadão, sempre pautadas na eficiência e na justiça social. É essencial que operadores do Direito e interessados estejam atentos a estas mudanças, adaptando-se e compreendendo suas implicações no contexto imobiliário.
Amadeu Mendonça é advogado imobiliário com ênfase em soluções jurídicas para proteção do patrimônio e negócios imobiliários, sócio fundador do Tizei Mendonça Advogados e pós-graduado em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).
Fonte: ConJur
Outras Notícias
Anoreg RS
14 DE AGOSTO DE 2023
Sucessores e herdeiros têm direito de pleitear valores não recebidos por falecido sem dependentes
A União recorreu ao Tribunal Regional da 1ª Região (TRF1) da decisão que em ação proposta pelos sucessores de...
Anoreg RS
14 DE AGOSTO DE 2023
Comissão aprova criação de cargos no TSE para implementação do Registro Civil Nacional
A Comissão de Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados aprovou proposta que prevê a criação de dez...
Anoreg RS
14 DE AGOSTO DE 2023
14 de agosto: Dia Nacional de Conscientização sobre a Paternidade Responsável
Nesta segunda-feira, 14 de agosto de 2023, comemora-se pela primeira vez o Dia Nacional de Conscientização sobre a...
Anoreg RS
14 DE AGOSTO DE 2023
Seminário abre programação da Semana de Regularização Fundiária Solo Seguro
Os desafios e avanços da regularização fundiária em Mato Grosso serão discutidos em um seminário que marcará...
Anoreg RS
14 DE AGOSTO DE 2023
Artigo – Adjudicação compulsória extrajudicial: mais um avanço da extrajudicialização – por Daniel Luiz Yarshell, Vanessa Silva Sene e Giovanna Silva e Sousa
Segundo a última edição da revista Justiça em Números, periódico divulgado anualmente pelo Conselho Nacional...